O uso de tecnologias em processos de ensino e aprendizagem

[justify][color=#444444]A inserção das tecnologias nas escolas tem sido anunciada há alguns anos. A efetivação dessa inserção, porém, não é uma realidade e vem acontecendo de forma bastante lenta e desigual se forem considerados os setores mais empobrecidos da sociedade, especialmente no Brasil. Talvez, com o advento do trabalho remoto devido à crise sanitária pandêmica da COVID-19, possam ser dados passos mais largos em direção à incorporação mais efetiva do uso de tecnologias em salas de aulas. Apesar de alguns projetos[url=file:///C:/Users/Casa/Desktop/2013-11-13%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Mestrado%20-%20Leandro%20e%20Teresinha.docx#_ftn1][sup][sup][1][/sup][/sup][/url] com o objetivo de disponibilizar computadores e internet nas escolas públicas e, ainda, formar docentes para o uso de tecnologias em sala de aula terem sido executados pelo governo federal em parceria com os governos estaduais e municipais, há ainda grande dificuldade na incorporação pedagógica do computador nas escolas. Em nossa percepção, há alguns fatores que podem ser os motivadores para isso. Serão abordados três deles a seguir.[br][br]O primeiro fator decorre das condições ainda ruins de infraestrutura e logística das escolas; por exemplo, a disponibilidade de computadores [i]per[/i] [i]capita[/i] nas escolas é considerada baixa. Segundo o [i]site[/i] QEdu (CONTAGEM..., 2021), mais de 90% das escolas estaduais de Minas Gerais, em 2020, que têm ensino fundamental II possuem um laboratório de informática. Apesar disso, a quantidade de computadores existentes nesses laboratórios não comporta uma turma de 32 estudantes, quantidade aproximada de estudantes por turma na rede estadual de Minas. E mesmo que a quantidade seja suficiente, sempre há máquinas com defeito.[br][br]Este último fato direciona para o segundo fator que pode “desmotivar” a utilização dos computadores nas escolas. Sabe-se que é muito difícil manter um laboratório de informática com 100% das máquinas funcionando sem um funcionário da área de tecnologia da informação (TI) cuidando diariamente desses equipamentos. [br][br]Borba e Penteado (2019) defendem a presença de um técnico de informática nas escolas tanto para a manutenção dos computadores, quanto para ter sempre alguém com formação específica para auxiliar os estudantes e professores nesses espaços. Os autores apresentam em sua obra relatos de professores que dividiam as turmas em grupos para irem à sala de informática realizar uma atividade nos computadores em duas ocasiões; enquanto um grupo ia para a sala de informática, outros ficavam na sala de aula realizando outra atividade, pois o laboratório de informática não comportava todos os estudantes. E acrescentam que esse problema é um dificultador para os docentes utilizarem os laboratórios de informática, visto que os professores têm que deixar grupos de estudantes sozinhos na sala de aula ou no laboratório de informática. [br][br]O terceiro fator é sobre a motivação dos docentes em utilizar as tecnologias em suas aulas. Segundo Borba e Penteado (2019), quando um docente utiliza as tecnologias em suas aulas, muitas vezes ele sai da sua zona de conforto e está sujeito a enfrentar questionamentos e situações inesperadas. Alguns docentes, com receio de enfrentar esses riscos, podem se distanciar das tecnologias. Carneiro e Passos (2014, p. 104) acreditam que “o professor deve estar preparado para enfrentar muitos imprevistos, questões e dúvidas às quais poderá não saber responder, muito mais que em aulas sem as tecnologias”. Como estar preparado sem sair da “zona de conforto”? Para amenizar os efeitos da zona de risco, Borba e Penteado (2019) desenvolveram ao longo dos anos ações em grupos de pesquisa e estudos em que professores pesquisadores, participantes dessas ações, possam construir seus conhecimentos de informática na prática, [i]in[/i] [i]situ[/i] e de forma coletiva e colaborativamente[url=file:///C:/Users/Casa/Desktop/2013-11-13%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Mestrado%20-%20Leandro%20e%20Teresinha.docx#_ftn2][sup][sup][2][/sup][/sup][/url]. Isto é, o conhecimento prévio não era uma condição necessária para esses autores, mas construído na formação em serviço.[br][br]Além da insegurança de não permanecer na zona de conforto, muitos docentes não estão convencidos sobre o potencial das tecnologias para o ensino e aprendizagem nas escolas. É comum escutar que nas aulas de Matemática, por exemplo, o estudante não pode usar a calculadora, para que ele não fique “dependente” dela para fazer contas. Contudo, penso que, para grande parte das contas que fazemos na escola, somos ainda dependentes de outra mídia, o lápis e o papel. Aceita-se, então, uma mídia, mas não outra. Borba e Penteado (2019) atestam que a calculadora, o lápis e papel, o celular, o computador, entre outros, são mídias e não é possível simplesmente desconsiderar sua presença no dia a dia das pessoas:[br][br][i][size=85][...] chamamos calculadoras gráficas e computadores munidos de softwares de atores e estamos sempre pensando como mudanças, nos seres humanos e também nas tecnologias, modificam esse coletivo pensante seres-humanos-com-mídias. Em nossa perspectiva, os computadores não substituem ou apenas complementam os seres humanos (BORBA; PENTEADO, 2019, p. 40)[/size][/i][br][br]O termo “seres-humanos-com-mídia” é um construto teórico que norteia o olhar desses autores em suas propostas para uso de tecnologias nas salas de aula de Matemática. Esse conceito não separa o ser humano da mídia, a construção do conhecimento é “produzida por um coletivo formado por seres-humanos-com-mídias ou seres-humanos-com-tecnologias e não, como sugerem outras teorias, por seres humanos solitários ou coletivos formados apenas por seres humanos” (BORBA; PENTEADO, 2019, p. 41)[br][br]Assim, nota-se que é preciso alinhar o potencial que essas tecnologias têm a oferecer com as nossas habilidades humanas, seguindo o conceito de seres-humanos-com-mídias. Por isso, esta pesquisa visou à utilização de dispositivos móveis, sendo essa uma alternativa ao uso dos laboratórios de informática e uma mídia que se pode facilmente relacionar ao termo “seres-humanos-com mídia” ao se referir aos jovens participantes desta pesquisa (i.e, jovens-com-celular). Contudo, é importante observarmos que a utilização dessas tecnologias em sala de aula, como o celular, pode evidenciar desigualdades econômicas em sala de aula, ao colocar em destaque que alguns estudantes teriam o aparelho celular de determinada marca, outros de outras marcas e outros que poderiam nem ter o aparelho. Uma solução que poderia amenizar essas desigualdades seria a distribuição, por parte do governo, de [i]tablets[/i] para as escolas públicas estaduais. Essa distribuição já foi feita pelo governo para algumas escolas da rede estadual, mas poderia ter sido feita para todas. [br][br][br][br]BORBA, M.C.; PENTEADO, M.G.P. [b]Informática e Educação Matemática:[/b] tendências em Educação Matemática. 6. ed., Belo Horizonte: Autêntica, 2019.[br][br]CARNEIRO, R.F.; PASSOS, C.L.B. A utilização das tecnologias da Informação e comunicação nas aulas de Matemática:[b] [/b]limites e possibilidades. [b]Revista Eletrônica de Educação[/b], [S.l.], v. 8, n. 2, p. 101–119, 2014. Doi: 10.14244/19827199729. [br]Disponível em: https://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/view/729. Acesso em: 3 jun. 2023.[br][br]CONTAGEM de escolas que possuem laboratório de informática, no estado de Minas Gerais no ano de 2020, com escolas conforme rede igual a Estadual, etapa de ensino igual a anos finais. [b]QEdu[/b], 2021. Disponível em: Acesso em: 27 dez. 2021.[br][br][url=file:///C:/Users/Casa/Desktop/2013-11-13%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Mestrado%20-%20Leandro%20e%20Teresinha.docx#_ftnref1][sup][sup][1][/sup][/sup][/url]  Por exemplo, o Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO), criado pelo Ministério da Educação, existe desde 1997. Seu objetivo inicial foi “promover o uso da tecnologia como ferramenta de enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e médio”. Em 2007, com a homologação do Decreto n° 6.300, “foi reestruturado e passou a ter o objetivo de promover o uso pedagógico das tecnologias de informação e comunicação nas redes públicas de educação básica”.[br] Fonte: [url=https://www.gov.br/fnde/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/programas/proinfo]Proinfo - home — Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (www.gov.br)[/url].[br][br][url=file:///C:/Users/Casa/Desktop/2013-11-13%20Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Mestrado%20-%20Leandro%20e%20Teresinha.docx#_ftnref2][sup][sup][2][/sup][/sup][/url] Como exemplo, tem-se o Grupo de Pesquisa em Informática, outras Mídias e Educação Matemática  (GPIMEM), formado, em sua maioria, por professores, estudantes e ex-estudantes do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática, docentes desenvolvendo pós-doutoramento no grupo, além de estudantes de graduação envolvidos em projetos de Iniciação Científica da Universidade Estadual Paulista (UNESP) "Júlio de Mesquita Filho", [i]Campus [/i]Rio Claro-SP. Tal grupo estuda questões ligadas às tecnologias na Educação Matemática refletindo sobre as mudanças que trazem a inserção das Tecnologias Digitais na Educação. Fonte: Unesp - home - gpimem (igce.rc.unesp.br/#!/gpimem).[/color][/justify]

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